A vida é marcada por
“coincidências” que, muitas vezes, nos surpreendem, a ponto de pensarmos se
realmente são “coincidências”.
Na semana passada, publiquei
uma crônica que falava sobre a efemeridade do amor (saliento que me referia ao
amor passional – e ainda escreverei mais sobre o tema) e da própria vida.
Justamente na madrugada de sexta-feira para sábado, uma escritora que eu
conhecia, cujos círculos de amizade compartilhávamos, veio a falecer. Embora já
com uma certa idade, estava para completar 86 primaveras, permanecia bastante
lúcida e ainda escrevia.
Quero chegar a essa idade
assim, com a capacidade de continuar rascunhando algumas linhas, mesmo que
poucas.
No entanto, o ponto a que
quero chegar é outro. Fui despedir-me da ilustre personagem, em sua última
morada. Cemitério é um dos lugares mais tristes do mundo, e quando possui
dimensões gigantescas, essa tristeza se multiplica. Assim que cheguei, deparei-me
com muitos entes literalmente abandonados, túmulos malcuidados, quebrados, que
não recebiam sequer uma “alma viva”, pelo visto, há muito tempo.
Realmente muito triste.
Claro que devemos nos preocupar mais com os que ainda estão entre nós, e a vida
está difícil. Porém, aqueles que outrora estiveram conosco mereciam coisa melhor.
Muito embora cultuar os que já se foram não seja o forte de nossa sociedade e
da nossa cultura, definitivamente, não quero esse destino para mim.
Quando eu me for – sei que
muitos não gostam de falar sobre isso, no entanto, muito narraram e entoaram
esse tema em belíssimas obras, transformado em versos por inúmeros poetas, como
Mario Quintana, Mário de Andrade e Vinícius de Moraes; o assunto foi, inclusive,
eternizado em músicas de Noel Rosa e Nelson Cavaquinho – mas, voltando ao
assunto... quando eu me for, quero ser cremada e minhas cinzas devem ser
enterradas em um lugar magnífico, repleto de natureza para me fazer companhia.
Sobre meus “restos mortais”, plantem uma árvore, para crescer e florescer,
deixando meu legado aos que virão. E quando a saudade bater naqueles a quem
deixei, poderão me visitar quando o desejarem... e poderão me abraçar, pois a
energia fluirá até chegar a mim.
Se mais pessoas fizessem o
mesmo, em vez de cemitérios abandonados, teríamos inúmeros parques lindamente arborizados,
que perpetuariam a vida, em todos os sentidos, e a memória dos que se foram.
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