Porém, primeiramente, visualizem a Serra:
E agora... pequena degustação do capítulo
A
história do racha circulou pela pequena cidade, chamando a atenção de curiosos.
Mesmo
com a pressão dos amigos para não comparecer, Víctor lá estava, no local e
horário combinados.
O
irmão ainda insistia para que ele não corresse. Natália e Léo também, tentando
convencê-lo dos riscos. Víctor alegou que não correria, mas estava curioso.
A
Serra do Rio do Rastro compunha uma das mais belas paisagens da região. À
noite, então, o espetáculo se multiplicava por causa do contraste causado pelas
pequenas luzes que pontilhavam todo o trajeto, extremamente sinuoso e íngreme. Alguns
trechos permitiam que somente um veículo pequeno passasse, em cada uma das faixas,
por vez. Veículos maiores com frequência apresentavam grandes dificuldades em
suas curvas, principalmente nas de 180 graus. A velocidade também precisava ser
moderada, em especial nas viagens noturnas, pois o menor descuido poderia levar
a um precipício sem fim. O fundo do vale não se sabe onde exatamente ficava em
alguns pontos, devido à mata densa da encosta. Do outro lado, o paredão rochoso
se estendia até o céu, rente à rodovia.
[...]
As motos
prosseguiam em alta velocidade, subida acima. As curvas fechadas eram os
principais obstáculos. O ronco ensurdecedor dos motores perturbavam a paz e a
tranquilidade da natureza.
Víctor
seguia bem mais atrás com seus amigos. Outros curiosos também resolveram
segui-los. Ouviam-se os motores distantes.
Haviam
subido um bom trecho, faltando pouco para alcançarem o alto da serra. Não
haviam encontrado, até aquele momento, nenhum motorista vindo em direção
contrária. Até haviam passado por um veículo de passeio que subia, porém,
ultrapassaram-no sem dó nem piedade.
Foi
numa curva de 180 graus que tudo ocorreu. Um caminhão-baú descia em velocidade
acima do normal para aquele ponto. Uma descida íngreme. Uma curva fechada. Oito
motos dispersas nas duas mãos da rodovia, ocupando toda a pista. Uma delas
freou bruscamente e derrapou, esbarrando em outra, que também projetou seu
motorista ao chão. No entanto, o pior ficou com o caminhão, que, sem saber ao
certo que lado tomar, por causa das motos, freou de repente, mas não venceu a
curva. O veículo perdeu o controle, quebrou a murada de proteção e voou pelo
despenhadeiro. Tudo o que se ouviu do caminhão foi a explosão, quando ele
chocou-se com alguma rocha, bem mais embaixo.
Alex
e os outros competidores pararam para certificar-se do ocorrido. Porém, não
havia mais o que fazer.
Ao
ouvir a explosão, Víctor acelerou ainda mais a moto, para verificar o que
sucedera. Seus amigos também o fizeram. O clarão provocado pelas chamas tomou
conta do céu, iluminando a escuridão da noite. E essa luminosidade toda podia
ser vista de muito longe.
Os
dois motoqueiros que caíram no asfalto tiveram apenas escoriações leves e
retornaram para suas motos.
Assim
que Víctor chegou ao local, desceu rápido da moto e foi à beira do
despenhadeiro.
– O
que houve? – Perguntou. E um dos competidores explicou.
Víctor
perguntou, então, se perceberam se o motorista conseguiu pular ou escapar, mas
ninguém sabia dizer. O rapaz ultrapassou a mureta, já completamente quebrada, e
foi à beirada do barranco ver se descobria algo. Tudo o que se podia ver era o
fogo e a destruição no trecho que levava a ele. E percebeu que o caminhão havia
caído, primeiramente, na própria pista da serra, mais abaixo, que seguia feito
zigue-zague, por mais de uma vez, antes de atingir o penhasco propriamente dito,
capotar e explodir. Por muito pouco o caminhão não atingira os curiosos que subiam
naquele trecho.
Alex
também veio ver e Víctor empurrou-o com violência.
– Tá
vendo do que é que eu tava falando!... Olha o que vocês fizeram! – Acusou-os.
Ao
perceber o que ocorrera, muitos dos curiosos começaram a dispersar, fugindo,
temendo que a explosão tivesse chamado a atenção da Polícia Rodoviária Federal.